Movimento começou na etapa da Califórnia e conta com mais de cem assinaturas, entre elas as dos top brasileiros Medina, Ítalo, Filipinho e Yago
Gabriel Maia
Fonte:ge.globo.com
Em 10/11/21
A reta final da Challenger Series
promete pegar fogo dentro da água, com a disputa das 12 vagas para o Championship
Tour 2022 na última etapa, em Haleiwa, no Havaí, e fora
também. Mais de 100 surfistas entregaram um abaixo-assinado para a World
Surf League (WSL), pedindo respeito ao critério técnico e que as vagas de
atletas do CT que terminarem entre os 12 melhores da CS sejam encaminhadas para
os surfistas subsequentes do ranking, como era até a última temporada. Agora,
as vagas não são automaticamente destes surfistas, mas sim da WSL, que se dá o
direito de não seguir o ranking. A escolha dos surfistas será feita pela Comissão
de Circuitos e Competições.
Segundo a Stab Magazine, que revelou a
existência do abaixo-assinado, alguns dos principais surfistas do mundo
assinaram o documento, entre eles Gabriel Medina, Ítalo Ferreira,
Filipe Ferreira e Yago Dora. A informação sobre a participação
dos tops brasileiros foi confirmada por algumas fontes por Boas Ondas e
conversamos com um dos signatários do abaixo-assinado, que pediu para não ser identificado
(nenhum destes citados pela Stab, que fique bem claro).
- A galera acordou tarde, né!? A regra já
existia há algum tempo e o pessoal só se tocou ao final de Huntington e pouco
antes de Portugal. Isso mostra como somos desunidos. Se os surfistas fossem
mais unidos, jamais uma regra dessa seria aprovada. Não acredito que a WSL vá
mudar nada, mas pelo menos fica o ponto positivo de que todo mundo se uniu em
busca de alguma coisa melhor.
Samuel Pupo está em 15° do ranking que classifica os 12 melhores para a elite em 2022 Foto: Damien Poullenot/WSL |
Segundo a fonte, apesar de outros pontos
terem sido levantados, entre eles o fato de a premiação ter diminuído, a
questão principal foi a alocação de vagas para o CT.
- O Morgan Cibilic é uma prova de como faz
sentido usar o critério técnico. Ele conseguiu a vaga por causa da dupla
qualificação de algum top e terminou a temporada em quinto lugar, disputando o
título na WSL Finals - diz, citando o exemplo do australiano.
Boas Ondas conversou por e-mail com o
brasileiro Renato Hickel, Tour Manager da WSL, para tentar
entender a posição da entidade. Além de confirmar a autonomia da Comissão de
Circuitos e Competições para escolher os atletas, Hickel disse que a regra
seria uma garantia para o caso de se necessário mais de duas vagas para
realocar atletas que a WSL ache “merecedores” de estar na elite.
- Vale esclarecer que, caso necessário, estas
escolhas serão feitas dentro de critérios do desporto, como por exemplo a
necessidade de termos de alocar um terceiro wildcard de contusão, como já
aconteceu várias vezes em temporadas anteriores. Além disso, este ano aumentamos
de dez para 12 o número de classificados da CS e diminuímos de 22 para 20 os
que se mantiveram no CT. Por causa da Covid, também dispensamos a
obrigatoriedade de os atletas do CT disputarem ao menos duas etapas da CS por
ano. Apesar das mudanças citadas, isso não quer dizer que não possamos alocar
essas eventuais vagas aos surfistas subsequentes do ranking da CS, se
entendermos ser a opção mais justa - disse Hickel, confirmando que a decisão
será tomada apenas após a etapa de Haleiwa, já com o ranking definido e os
nomes na mesa.
Os wildcards para lesionados, que
passaram a ser chamados apenas convidados de temporada, já foram anunciados
pela WSL e entre eles está o australiano Owen Wrigth, que terminou em
25º. Ele foi recolocado na elite, segundo a própria WSL, por ter ficado muito
perto da classificação e por tudo o que representa para o CT. Owen não se
encaixaria na regra de lesionado, pois perdeu apenas uma etapa por estar
machucado. O australiano terminou a temporada atrás do sul-africano Matthey
McGillivray e até do brasileiro Caio Ibelli, que, apesar de empatado
no número de pontos, levaria vantagem no critério de desempate (mais vitórias
no ano).
O fuso horário dificultou a entrevista com
Hickel, que mora na Austrália. Ao receber a confirmação sobre a regra e
o exemplo da necessidade de salvaguardar vagas para o caso de lesões, Boas
Ondas questionou se, diante do fato de as vagas para lesionados não terem sido
usadas (não falei claramente sobre o Owen Wright) a tendência seria seguir um
ranking, seja o da CS ou do próprio CT em caso de dupla qualificação, Hickel
preferiu não entrar nesta questão:
- É correto afirmar que a regra foi criada
para salvaguardar vagas que o Departamento de Circuitos e Competições entender
merecedoras. Só esclareço que já utilizamos as duas vagas de convidados de
temporada para o ano que vem e que tivemos mais atletas machucados aplicando
para estas mesmas vagas.
Lucas Silveira ocupa a 17ª colocação e pode ser prejudicado pela nova regra da WSL Foto: Laurent Masurel/WSL |
Boas ondas também perguntou quem formaria a
Comissão de Circuitos e Competições, que teria o poder de escolher os surfistas
para integrar a elite do surfe e quem ficaria relegado à segunda divisão, mas
não obteve resposta.
Entre os brasileiros da CS, atualmente apenas
o surfista de Saquarema João Chianca Chumbinho, em sexto, estaria entre
os classificados para o CT do ano que vem. O japonês Kanoa Igarashi,
líder do ranking, terá uma qualificação dupla e a WSl já pode contar com uma
vaga para chamar de sua.
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